Clinical Dementia Rating (CDR)

A Clinical Dementia Rating (CDR) é uma escala clínica amplamente empregada para avaliar a gravidade da demência, particularmente em sua fase inicial. Desenvolvida originalmente na década de 1980, a CDR foi projetada para fornecer uma medida global do comprometimento cognitivo com base em entrevistas semiestruturadas realizadas tanto com o paciente quanto com um informante confiável.¹

O instrumento avalia seis domínios: Memória, Orientação, Julgamento e Resolução de Problemas, Função Comunitária, Atividades Domésticas e de Lazer, e Cuidado Pessoal. Cada domínio é classificado em uma escala de 0 a 3 pontos, onde 0 indica ausência de comprometimento, 0,5 denota comprometimento questionável, 1 representa demência leve, 2 indica demência moderada e 3, demência grave.²

A pontuação global da CDR é determinada a partir de regras específicas de combinação dos escores dos domínios, dando peso especial ao desempenho em memória. A escala global é categorizada como:

• 0 = Sem demência

• 0,5 = Comprometimento cognitivo muito leve (frequentemente compatível com comprometimento cognitivo leve - MCI)

• 1 = Demência leve

• 2 = Demência moderada

• 3 = Demência grave

Embora a CDR global forneça uma classificação geral útil, a CDR-Sum of Boxes (CDR-SB) foi desenvolvida para permitir uma avaliação mais quantitativa e sensível às mudanças ao longo do tempo.³ A CDR-SB é calculada pela soma dos escores de cada um dos seis domínios, resultando em um escore contínuo que varia de 0 a 18. Valores mais altos indicam maior gravidade do comprometimento. Esta abordagem proporciona maior precisão para monitorar a progressão clínica em estudos longitudinais e em ensaios clínicos.⁴

Além de sua sensibilidade para detectar mudanças sutis, o CDR-SB permite uma melhor distinção entre os estágios iniciais da doença de Alzheimer e do comprometimento cognitivo leve. Estudos demonstraram que o CDR-SB apresenta forte correlação com avaliações neuropsicológicas independentes e com biomarcadores de neurodegeneração.⁵ Recentemente, a utilização do CDR-SB como desfecho primário em ensaios clínicos de tratamentos modificadores da doença de Alzheimer tem aumentado, destacando sua importância na pesquisa contemporânea.⁶

Em resumo, tanto a CDR quanto o CDR-SB são ferramentas clínicas robustas, validadas e amplamente utilizadas na avaliação da gravidade da demência, sendo fundamentais para diagnóstico, acompanhamento longitudinal e avaliação de intervenções terapêuticas.

Referências:

1. Hughes CP, Berg L, Danziger WL, Coben LA, Martin RL. A new clinical scale for the staging of dementia. Br J Psychiatry. 1982;140:566-572. doi:10.1192/bjp.140.6.566

2. Morris JC. The Clinical Dementia Rating (CDR): current version and scoring rules. Neurology. 1993;43(11):2412-2414. doi:10.1212/wnl.43.11.2412-a

3. O’Bryant SE, Lacritz LH, Hall J, et al. Validation of the new interpretive guidelines for the Clinical Dementia Rating Scale Sum of Boxes score in the National Alzheimer’s Coordinating Center database. Arch Neurol. 2010;67(6):746-749. doi:10.1001/archneurol.2010.118

4. Williams MM, Storandt M, Roe CM, Morris JC. Progression of Alzheimer’s disease as measured by Clinical Dementia Rating sum of boxes scores. Alzheimers Dement. 2013;9(1 Suppl):S39-S44. doi:10.1016/j.jalz.2012.01.006

5. Jack CR Jr, Knopman DS, Jagust WJ, et al. Tracking pathophysiological processes in Alzheimer's disease: an updated hypothetical model of dynamic biomarkers. Lancet Neurol. 2013;12(2):207-216. doi:10.1016/S1474-4422(12)70291-0

6. Budd Haeberlein S, Harris T, Kinney GG, et al. Clinical development of aducanumab, an anti-amyloid β monoclonal antibody for the treatment of early Alzheimer’s disease. J Prev Alzheimers Dis. 2022;9(3):398-406. doi:10.14283/jpad.2022.30