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Neurodegeneração associada a anti-IgLON5


A recente descoberta de anticorpos neuronais de superfície contra IgLON5 na descrição de uma nova Tauopatia diminuiu a fronteira entre a neurodegeneração e a neuroimunologia. A taupatia associada aos anticorpos anti-IgLON5 é caracterizada por importantes movimentos anormais no sono, especiaImente por uma parassônia não REM com movimentos simples ou com finalidade aparente, os quais se assemelham a atividades cotidianas como comer, beber ou manipular objetos. Pode ocorrer TCSREM, movimento periódico de pernas, dificuldades respiratórias como apnéia do sono e estridor, grave ao ponto de gerar insuficiência respiratória e necessidade de traqueostomia.


Sintomas bulbares como disartria, disfagia ou paralisia de cordas vocais são achados frequentes. Instabilidade de marcha progressiva e incapacitante com perda de reflexo postural, que associado a paresia supranuclear do olhar, se apresenta de forma semalhante à paralisia supranuclear progressiva (PSP). Ocorrem outras alterações na motilidade ocular como paresia da mirada horizontal, intrusões sacádicas e nistagmo.


Achados cerebelares oculares ou apendiculares associados a estridor laríngeo o disautonomia como hipotensão ortostática podem mostrar semelhanças com a atrofia de múltiplos sistemas (AMS).


Outros sinais de disautonomia possivelmente encontrados são sintomas urinários, episódios de sudorese profusa, arritmias cardíacas e hipoventilação central.


Em conclusão, o espectro fenotípico dessa nova nosologia é amplo e inclui também apresentações semelhantes à doença de Huntington, com coréia, mioclonias e declínio cognitivo.


Neuropatologia e mecanismo da doença

Patologia não mostra infiltrados inflamatórios, porém há acúmulos difusos de Tau hiperfosforilada com 3 e 4 repetições e perda neuronal mais acentuada no hipotálamo e no tegmento do tronco encefálico, com gradiente de severidade crânio-caudal até a medula cervical superior.


Tais achados corroboram neurodegeneração como o mecanismo primário da doença, o que está de acordo com a ausencia de resposta a imunoterapia, porém todos os pacientes genotipados tinham os alelos HLA-DQB1*0501 e HLA-DRB1*1001, sugerindo susceptibilidade genética para autoimunidade.


Muito pouco se sabe sobre a função fisiológica do IgLON5, molécula de adesão celular na superfície neuronal. Pertence à superfamília das imunoglobulinas e tem função na formação de sinapses durante o desenvolvimento cerebral. O papel dos anticorpos é desconhecido, possivelmente a ocorrência de downregulation imunomediada poderia interromper a interação do IgLON5 com o citoesqueleto e levar a acúmulo de proteína tau e sua hiperfosforilação, levando a neurodegeneração, que ao tempo da manifestação clínica não seria mais passível de resposta com imunoterapia. O acúmulo de tau, por outro lado, poderia indiretamente levar a autoimunidade em indivíduos susceptíveis e ter mais implicações no papel da inflamação na neurodegeneração.


Referências


Gaig C, Graus F, Compta Y, et al. Clinical manifestations of the anti-IgLON5 disease. Neurology. 2017;88(18):1736-1743.


Graus F, Santamaría J. Understanding anti-IgLON5 disease. Neurol Neuroimmunol Neuroinflamm. 2017;4(5):e393. Published 2017 Aug 24. doi:10.1212/NXI.0000000000000393


Wenninger S. Expanding the Clinical Spectrum of IgLON5-Syndrome. J Neuromuscul Dis. 2017;4(4):337-339.


Gelpi E, Höftberger R, Graus F, et al. Neuropathological criteria of anti-IgLON5-related tauopathy. Acta Neuropathol. 2016;132(4):531-43.



 



 


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